quinta-feira, 11 de março de 2010

A velhinha da lotação.

Quando eu e meu irmão estudávamos no centro da cidade de manhã cedo já estávamos no ônibus. Era um desses que demora pra aparecer e só passa lotado, contudo pra nós que morávamos longe era a única opção cabível, qualquer outra exigia disposição para quarteirões de caminhada.
Nos ônibus, principalmente os lotados, sempre tem aquelas figuram que tornam a viagem mais emocionante. Certo dia, quis o acaso que meu irmão cruzasse com uma destas.
A figura em questão era uma senhora já de idade avançada e bem desgastada pelos longos anos já vividos. Por uma coincidência seus netos estudavam no mesmo colégio que nós e a viagem tanto pra eles quanto pra a avó era longa.

Deu-se o caso que justamente nesse dia, por uma distração, meu irmão ocupou um daqueles assentos preferenciais que ficam antes da catraca do cobrador. Daí a senhora apareceu, acompanhada de seus netos. Meu irmão já estava para lhe oferecer o lugar, mas, antes que tivesse tempo pra isso, aquela face sofrida da pobre velhinha já havia sido tomada por um semblante de ódio quase demoníaco.

- Você paga passagem?
- Sim, disse meu irmão.
- Então saia daí.

E ao mesmo tempo que dizia isso já estava empurrando o menino de lá, ao passo que a surpresa já havia tomado conta de todas.

- Jovem saudável tem mais é que ficar em pé, exclamava ela.

O que um reumatismo não faz, né?

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