quinta-feira, 25 de março de 2010

O rosto da moça

Eu tinha na mente o rosto de uma daquelas donzelas de fábulas infantis e nas mãos aquarela e pincel. A mania era essa, pintar aquelas moça, porque como o seu rosto não me saia da cabeça, vez por outra saia no papel.

E isso era a qualquer hora do dia, tendo ao menos uma caneta, lápis ou pincel na mão e uma folha ou rodapé de papel livre lá se ia novamente o rosto da dona. Parecia-me que nunca estava suficientemente perfeito.

Nessa minha loucura de fazer uma releitura daquela face com exata perfeição espalhei telas em branco pela casa e andava munido de pincéis, aquarela, pastel e tinta óleo.
Dona Lúcia, lavadeira lá de casa reclamava toda semana de toalhas, lençóis, camisetas, calças e cuecas, já estava tudo manchado de tinta.


- Se quer brincar de pintor, use guache, dizia ela.

Tola, não podia entender que talvez não fosse eu feliz enquanto o rosto da donzela não existisse, de fato, na tela, no papel ou na borda do livro. Eu não seria feliz se ela não existisse.

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